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Tenho recebido algumas críticas por usar o termo “fundamentalista”
quando me refiro à mídia do Brasil.
Normalmente, por obra da crítica ocidental, são as religiões
preferencialmente muçulmanas que são taxadas de fundamentalistas.
O significado da palavra, entretanto, pode ser mais amplo e
é nesse contexto que acuso, com todo sentido pejorativo possível, a mídia.
Pelo caráter conservador, a imprensa do Brasil é uma armadilha
capaz de promover ou destruir qualquer pessoa, de qualquer origem; uma
empresa, uma religião, um grupo social ou político, desde que não esteja
alinhado a suas ideias fundamentais.
No campo social, é comum ler jornalistas manipulando fatos, falas e imagens a seu próprio sabor. Não são poucas as pessoas que se sentem
injuriadas por matérias meticulosamente preparadas com objetivos bastante
claros ou, algumas vezes, pela preguiça do jornalista em checar a fonte,
provocando prejuízos morais contra aqueles que não possuem microfones ou
holofotes para se defender.
Pela via judicial, alguns conseguem o famigerado “direito de
resposta”, quase sempre depois de muito tempo, de muito dispêndio de energia e,
sobretudo, dinheiro para correr com ações na Justiça. É certo que alguns
veículos de comunicação esperam tentar corrigir suas matérias publicando uma
notinha de rodapé com o singelo e humilde nome de “erramos”. Mas são raros os
casos em que a reparação do erro alcança o mesmo volume da acusação.
Na política, é a mesma coisa.
Vários jornalistas já viram suas matérias sendo recortadas,
refeitas ou, simplesmente, atiradas no lixo por não estarem de acordo à linha
editorial. É um direito básico do dono da empresa de comunicação, mas não quer
dizer que seja ético ou moral.
Pelo contrário, parte da mídia brasileira tem demonstrado muita
eficácia na arte de suprimir matérias, confundir a audiência e os leitores com
frases pinçadas a dedo, consultar “especialistas” alinhados com suas ideias,
exibir gráficos e informações incoerentes e maquiadas, unicamente para ocultar
determinados fatos que, se mostrados com clareza, certamente levariam a uma
verdade que eles preferem esconder.
A mentira tem se tornado regra na cobertura política
brasileira nos últimos 10 anos. Aliás, esta é uma das razões da existência
deste e de outras centenas de blogs chamados de “sujos” por esta imprensa
fundamentalista.
O que pedimos é que estes veículos digam claramente que apoiam este ou aquele, que financiam tal grupo, que sejam honestos o bastante para sair do armário e arriscar perder parte de seus leitores. Ou que sejam meros retransmissores de notícias sem emitir opiniões.
Hoje, a midia é um órgão de censura poderoso quando dá voz somente aos parceiros e aliados políticos, e, sem qualquer escrúpulo, escondem o que querem esconder
Voltando ao título do post.
Quando um ativista muçulmano explode seu corpo com bombas em
meio a quem considera inimigo, está agindo para impor sua própria vontade.
Não admite reformas naquilo que acredita; é ortodoxo e radical nas ações.
O que faz parcela do jornalismo brasileiro, hoje, comandado
por meia dúzia de famílias saudosas, conservadoras, não democráticas, que não
querem ceder à força do trabalho em detrimento ao poder do capital, é
apresentar uma “realidade” inexistente que só quem tem a mesma ideologia é
capaz de acreditar.
Um exemplo clássico é uma publicação de uma revista semanal,
cuja capa acusava o governador do Rio de Janeiro pela tragédia das enchentes
ocorridas em seu estado, pelas mortes e prejuízos e, na semana seguinte, quando
esta tragédia se repete em São Paulo, a mesma revista coloca a culpa em São
Pedro e isenta a autoridade política local! Isso é desonestidade intelectual, é má-fé, é intervenção na liberdade de
expressão dos fatos. Porque a chuva é um fato passível de medição. A razão é óbvia: o governador de São Paulo é aliado
político, enquanto o do Rio de Janeiro não é!
Outro exemplo, mais recente?
Críticas ao Governo Federal pela desoneração das tarifas elétricas aos consumidores, beneficiando milhões de brasileiros, e maior repercussão do reajuste dos combustíveis congelados há 4 anos!
A mídia se reveste de bombas altamente explosivas e as
detonam em suas matérias com o claro objetivo de não aceitar mudanças,
reformas, repartição de renda.
Felizmente, por manterem editores-chefes
medíocres, os resultados que pretendem alcançar estão longe da realidade.
A tiragem dos jornais e revistas, bem como a audiência das
grandes emissoras de TV, vêm caindo rapidamente nos últimos anos, enquanto
sites e blogues, como este mísero SANDÁLIAS DO PIRATA, tem visto crescer
paulatinamente seus acessos, numa clara demonstração de que as pessoas, por oportunidade
de conhecer opiniões diversas, acabam escolhendo o que mais lhes parece real e
verdadeiro.
Assim como o religioso, a fundamentalismo midiático atua
para impor sua vontade. Produz estragos, é certo, mas nunca será capaz de
vencer a liberdade.
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