2 de nov. de 2012

MIDIA FUNDAMENTALISTA (E INCOMPETENTE).


 ***

Não parece, absolutamente, verossímil a versão apresentada pela mídia sobre a suposta confissão que Marcos Valério, “operador do mensalão”, teria a fazer sobre Lula e Palocci.

Em primeiro lugar, porque sua pena já está quase fixada: 40 anos, parte dela, em reclusão.

Segundo, porque a mídia está usando um argumento que nada tem de legal. Está espalhando o boato que ele vai solicitar ingresso no programa de proteção a testemunha em troca da denúncia inédita contra o PT. Ele deixou de ser testemunha quando foi instaurado o inquérito da AP 470 e, hoje, seu status é de “réu condenado”.

Terceiro, caso ele tivesse algo a dizer já o teria feito no decorrer do processo no STF ou, ainda, para a Policia Federal antes da denúncia da Procuradoria Geral da União, por volta de 2005/2006. Não o fez, nem poderia contar com a influência do PT no STF pois, como todos sabemos, estava – e está – recheado de membros conservadores e saudosistas.

Quarto: nesta fase do julgamento não é mais possível reverter as acusações nem incluir outros réus. Caso fosse, ao incluir o Presidente Lula na AP 470, a PGR teria que refazer a acusação de forma integral e vários réus condenados teriam o direito a nova defesa, além de terem que interrogar novos suspeitos. Lula, entre eles.

Qual a razão para levantarem, neste pós-eleição, a possibilidade de novas revelações de Marcos Valério?
 Só há uma resposta: o resultado das eleições.
***

A coisa se passou, mais ou menos, assim:

No primeiro mandato de Lula, quando as oposições cogitaram o impeachment durante a CPI dos Correios, a mídia acreditou que a divulgação incessante, diária, da “corrupção do PT” fosse suficiente para a retomada do poder.

Não foi. Lula foi reeleito.

Tinham certeza que, depois de derrubarem Dirceu e Palocci, nomes fortes para a sucessão, a tucanada voltaria ao poder nos braços do povo por falta de competidores.

A campanha à favor do nome forte do PSDB, José Serra, foi escandalosa. Davam como barbada a vitória em 2010. Não contavam com a astúcia de Lula ao lançar a “mãe do PAC”, o poste, a ilustre desconhecida e inexperiente em campanhas, Dilma Vana Rousseff.
Quem lembra como foi a campanha presidencial de 2010 vai acordar para os fatos que levaram o pleito ao segundo turno: uma orquestração rasteira colocando Dilma como “abortista”, “terrorista”, e, até “homossexual”, foi montada. Com isso, evitaram a derrota escandalosa em primeiro turno!

Restava o julgamento do “mensalão”.

Programado para tomar as manchetes em plena campanha municipal, o STF foi manipulado pela mídia oposicionista para cumprir o roteiro que daria a derrota ao PT. Assim foi feito, com frases de efeito, risadas de Ministros do STF em horário nobre da globo*, capas da veja* acusando de corruptos os réus do PT, manchetes e matérias de velhos jornalões decretando que o PT seria expelido da vida política nacional.

Novamente, caíram do cavalo.

O planejamento de editores-chefes fundamentalistas incompetentes, incapazes e burros, não deu certo. O queridinho Serra foi derrotado por outro “poste” de Lula em pleno curral tucano-pefelista: São Paulo deu uma lição histórica que deixará marcas profundas no interior de redações da velha – e incompetente – imprensa do Brasil.

***

A saída, pelo teor das matérias veiculadas na semana seguinte às eleições, é destruir o criador ao invés das criaturas.

Ele, “o cara”.

***
* Este blogueiro recusa-se a grafar os nomes dos jornais folha, globo e estadão, e da revista veja, com as inicias maiúsculas.

***