31 de ago. de 2010

ARMADILHA DA REDE GLOBO.

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O blogueiro e jornalista Luis Nassif classificou de "jornalismo de pegadinhas" o que a Globo tentou fazer, ontem, com a candidata do PT, Dilma Rousseff. Clique aqui para ler o texto de Nassif.

Discordo de Nassif. Profundamente.

A tentativa de entrevista no Jornal da Globo foi uma ofensa descarada a uma candidatura que tentam derrubar a qualquer custo. Ao estilo sem caráter de Ali Kamel, o editor do Jornal, os apresentadores Waack e Pelajo procuraram de todas as formas arrancar uma resposta que os satisfizesse; pior, queriam provocar uma reação irritada de Dilma. Ela, entretanto, soube se controlar com categoria, muito acima da Globo.

Em nenhum momento perguntaram à respeito de programas de governo. O estilo das perguntas deixou claro quais eram os objetivos da entrevista. Medíocres, tentaram cercar a candidata com um ar de superioridade que quase ninguém mais acredita que possuem.

Listo as perguntas abaixo. Cada leitor deste blog poderá formar seu próprio juízo.

Waack - Disse que Dilma passou por uma transformação fisica. Cabelo, roupa, jeito de falar. Foi dificil?

Pelajo - Mencionou José Dirceu como um dos petistas envolvidos no mensalão. Quis saber qual papel ele terá em seu eventual governo. "... mas a senhora não vê problemas em trazer de volta à politica uma pessoa que teve direitos politicos cassados?" perguntou.

Waack - Provocou uma resposta de Dilma sobre quem seriam os integrantes de seu ministério, argumentando que "vai deixar um monte de gente decepcionada ..."


Pelajo - Referiu-se ao vazamento das informações fiscais de dados de tucanos, semana passada. Pediu garantias a Dilma de que em seu governo isso não vá acontecer.

Waack - Falou da história politica de Dilma, de sua prisão e tortura no regime militar. Quis saber qual seu sentimento em relação ao comentário de Lula sobre os presos de consciência cubanos que foram comparados a bandidos.

Pelajo - Perguntou a razão de Dilma hesitar em tratar as FARC como narcoguerrilha.

Waack - Afirmou que o governo do PT é acusado de ter colocado a militância petista na máquina federal, e provocou: "essa politica prossegue? ".


Pelajo - Ao dizer que o Brasil investe muito pouco, que é a Petrobras quem investe mais, perguntou porquê Lula não conseguiu investir.

Waack - Decretou que precisamos fazer um severo ajuste fiscal e que as contas externas estão piorando.

Como se vê, uma entrevista recheada de afirmações que interessam apenas a Globo. O arremedo de jornalismo que praticam visa unicamente firmar questões que pouco interessam ao eleitor. Acusam Dilma enquanto o povo a apóia, segundo pesquisas do Ibope.

O jornalismo da Globo anda a passos rápidos para a perda total de credibilidade. Porisso, de pegadinha a entrevista não tinha nada. Foi um interrogatório descarado e tacanho, baixo como a editoria de jornalismo da empresa.

Dilma saiu-se bem do fogo inimigo. Deixou bastante claras suas posições, a contragosto dos apresentadores Waack e Pelajo. Vale lembrar que Dilma Rousseff tem pouquissima experiência em aparições televisivas como esta e, mesmo na casa do inimigo, soube se defender com a competência necessária para que este tipo de gente passe a respeitá-la.

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28 de ago. de 2010

LUTA ELEITORAL ACIRRADA: SERRA OU MARINA?

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A eleição presidencial 2010 está ficando emocionante.

A despeito de terminar no primeiro turno, com vitória arrasadora de Dilma Rousseff do Partido dos Tralhadores, a luta cada vez mais franca pelo segundo lugar fica empolgante.

Marina Silva, do PV, esboça uma incrivel reação e mostra fôlego para encostar em José Serra, do PSDB, até então canditatissimo à segunda colocação.

José Serra despenca nas pesquisas; parte de seus votos migram para Dilma e parte, para Marina.

Conseguirá Marina Silva ultrapassar o candidato da direita até o dia 03 de outubro?

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26 de ago. de 2010

PSDB em queda livre.

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A estratégia politica traçada pelo Presidente Lula para alavancar a candidata Dilma Rousseff, era polarizar a eleição presidencial.

Tudo levava a crer que, ao comparar o governo tucano ao petista, o eleitor optaria por aquele que se mostrou mais eficiente. Lula acreditava que, com esta proposta, levaria Dilma ao 2º turno.

A oposição, temerosa com a comparação, tratou, desde o inicio, de seduzir o eleitorado com a idéia de que o governo Lula era a continuidade de FHC, o nefasto. A midia repetiu essa balela à exaustão, querendo fazer crer que a tucanada nos havia colocado na rota do desenvolvimento com distribuição de renda e geração de emprego.

Pois bem, a pouco mais de um mês para o pleito de 03 de Outubro, percebe-se que a campanha não está polarizada. PT X PSDB não aparece no programa eleitoral de Dilma. Pelo contrário. O tucano Serra, entretanto, tenta se colocar na garupa de Lula, e chega ao cúmulo de prometer dobrar o Bolsa-Família, outrora desqualificado por ele mesmo ao ponto de ser chamado de Bolsa-Esmola.

O que se está vendo é uma gigantesca transferência de popularidade, movimento nunca antes visto na história deste país!

Acredito que nem o próprio Lula tinha capacidade de prever seu real poder de influência ao tratar de votos. Nem bem começa o horário eleitoral e o Datafolha de hoje mostra Dilma com 20 pontos à frente de Serra, e 40 pontos de Marina Silva, do PV. É óbvio que a postura e capacidade de comunicação de Dilma também influi no processo, mas até muito pouco tempo ela era uma ilustre desconhecida do eleitor que não acompanha a vida politica nacional. Em resumo, o mais pobre e menos politizado acaba de ser apresentado à candidata do Partido dos Trabalhadores.

Mesmo entre os eleitores de José Serra, conforme matéria da Folha.com disponivel aqui, 15% afirmam votar no candidato de Lula, demostrando desconhecimento do processo.

A rota descendente da candidatura da direita está ficando cada vez mais consolidada; revertê-la será um milagre. A possibilidade de vitória do PT no 1º turno passa a ser uma variável absolutamente possivel. A oposição está em franco declinio. Hoje, José Serra perde, inclusive, em seus redutos eleitorais mais cativos, como Rio Grande do Sul e São Paulo. Dentre todas as Capitais do Brasil, Serra vence apenas em Curitiba e, mesmo assim, por uma pequena margem.

Se a idéia de Lula era polarizar, não foi preciso. Sua simples presença ao lado de Dilma na TV ou nos comicios já está desmonstrando força suficiente para elegê-la sem maiores dificuldades. A continuar neste ritmo crescente do PT, é enorme a possibilidade de Serra ter que competir com Marina Silva pelo segundo lugar.

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Enquanto isso, a velha midia, diante do quadro de total fracasso de suas estratégias manipuladoras, escolheu praticar o terrorismo. Divulga, como que num ato desesperado, quem serão os nomes que irão compor o Ministério de Dilma Rousseff. Busca, em vão, exibir nomes associados ao mensalão para que parcela da sociedade tenha medo.

Não funcionou em 2006 e não funcionará em 2010.

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24 de ago. de 2010

ENTREVISTA: César Maia.


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Uma das lideranças mais expressivas da oposição, o ex-Prefeito do Rio de Janeiro e candidato ao Senado Federal pelo DEM-RJ, César Epitácio Maia, concedeu entrevista a este blog por e-mail na semana passada.

Nascido em 18/06/1946, César Maia, como é conhecido, já foi membro do Partido Comunista Brasileiro, o Partidão. Optou pela direita depois da ditadura militar que o exilou, alegando que toda a esquerda assim o fez. É pai de Rodrigo Maia, presidente nacional do DEM e foi ele quem trouxe o nome de Indio da Costa para a chapa tucana, apesar de não assumir.

É um dos maiores criticos da postura tucana nesta eleição. Antes da escolha de José Serra como candidato de sua coligação, não escondia sua preferência por outro tucano, Aécio Neves; chegou a afirmar que o mineiro teria maiores chances de vitória que o paulista Serra.

Nesta entrevista, César Maia mostra um certo ar derrotista. Afirma, por exemplo, que sua coligação deveria ter antecipado o processo de exposição na TV e reclama que a postura eleitoral adotada pelos tucanos não é bastante clara. Já fez criticas ao marketeiro de Serra e, depois desta entrevista, a midia noticiou o rompimento de relações entre Rodrigo Maia e José Serra.

Abaixo, a integra da entrevista.

SANDÁLIAS DO PIRATA - Como estudioso e analista de pesquisas de intenção de voto; diante do quadro atual para a eleição presidencial, como o senhor avalia as chances do candidato que seu partido apóia, José Serra? Ainda acredita, como disse há poucos meses atrás, que Serra tem chances de vencer no primeiro turno?

CÉSAR MAIA - O método da campanha do Serra está fortemente linkado ao horario de TV. A probabilidade de vencer no primeiro turno dependeria de se antecipar esse processo.

SdoP - O senhor pensa que o Presidente Lula já transferiu todos os votos possiveis para a candidata do PT, Dilma Rousseff, ou ainda, com o inicio da campanha no rádio e TV, ele conseguirá influir ainda mais na sua sucessão?
CM - Na TV se verá com a presença intensa dele.

SdoP - O senhor acredita que a postura de ataques à candidata Dilma, por parte de José Serra, será intensificada daqui por diante, por ser, segundo seu ponto de vista, mais produtivo que apenas abordar programa de governo, como afirmou em seu ex-blog?
CM - Não me lembro de ter dito isso. O que disse é que a linha de oposição deve ficar bem clara.

SdoP - Era notória a preferência do DEM pela candidatura Aécio Neves antes da convenção do PSDB. Seu partido não teve influência suficiente para barrar o projeto do PSDB Paulista ou Serra era seu plano B?
CM - O PSDB escolhe seu candidato e assim o fez.

SdoP - Qual a expectativa de seu partido, o DEM, ao indicar o deputado Indio da Costa para o lugar de vice na chapa de José Serra, visto que é um nome pouco conhecido e com nenhuma experiência em campanhas deste porte?
CM - Foi o proprio Serra que escolheu pelas virtudes do Indio.

SdoP - Há boatos que o candidato José Serra não conversa com o presidente do DEM, Rodrigo Maia, seu filho. É verdade? O senhor tem conhecimento da estratégia do PSDB para a campanha da oposição? Rodrigo Maia tem? Vocês participam das decisões?
CM - Isso nunca ocorreu. As divergencias foram na escolha do candidato.

SdoP - Em seu ex-blog o senhor faz uma análise da postura do PT em relação ao trabalho que o Presidente Lula vem fazendo no sentido de aumentar a base de apoio no Senado Federal. Sua crítica remete ao fato de que uma maioria governista no Senado tornará os senadores "submissos" e acusa Lula de preparar um "kit Chavez" para mudar a Constituição. O senhor acha possivel governar um país sem base parlamentar sólida? Ou acredita que a maioria legislativa deve estar sempre na mão das oposições?
CM - O ponto não é esse: é mudar a constituição no sentido de um regime chavista. Hoje Lula tem ampla base mas não para isso. 

SdoP - Em sua campanha ao Senado pelo Rio de Janeiro, o senhor apóia explicitamente Fernando Gabeira do PV para governador. Por qual razão o senhor não apóia a candidata Marina Silva, do mesmo PV, para a Presidência da República? O senhor acha que o eleitor compreende esta distinção?
CM - Decisão dos partidos nacionais.

SdoP - Em sua trajetória politica, o senhor já foi do PCB e do PDT; foi perseguido, exilado e preso pelo regime militar; foi Secretário de Fazenda de Leonel Brizola. O quê o motivou a fazer parte do partido politico que sustentou a ditadura, oriundo da velha ARENA, depois PDS, depois PFL e agora DEM?
CM - Toda a esquerda caminhou para o centro no mundo todo. O governo Lula com uma politica economica monetarista é exemplo disso.

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Comentários deste blog:
  • É visivel o pouco envolvimento do DEM nacional na campanha de Serra. Desde o inicio das negociações para escolha do nome que enfrentaria Dilma Rousseff, a maioria do DEM colocou-se contrária à escolha do tucano paulista. Tentaram, sem sucesso, lançar Aécio Neves como vice. Outro fracasso. Acabaram cedendo a Serra diante da impossibilidade de lançar um nome do próprio DEM.
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  • Nota-se o imenso temor da direita conservadora brasileira diante da possibilidade de Dilma Rousseff conseguir maioria folgada no Senado Federal, como postado ontem aqui no SANDÁLIAS DO PIRATA. A imprensa corporativa está, diariamente, trazendo este assunto à pauta, o que demonstra certa resignação com a vitória do Partido dos Trabalhadores e tentam, pelo menos, manter o que lhes resta de poder.
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  • O temor do aumento de popularidade de Dilma Rousseff com o inicio do horário eleitoral pela TV está se materializando. Isto já foi tema de diversos artigos de César Maia em jornais e agora, com os números das pesquisas confirmando esta tendência, o DEM fica cada vez mais isolado no cenário das oposições por não fazer parte da montagem da estratégia de marketing eleitoral dos tucanos.
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  • Existe o sério risco da falência total do DEM. Suas bancadas na Câmara e Senado deverão diminuir consideravelmente e, se nas próximas eleições municipais, daqui a dois anos, não tiverem capacidade de fazer aumentar sua rede de prefeitos e vereadores do interior, estará extinta a agremiação politica derivada da ARENA, a base legislativa dos generias que ocuparam a Presidência da República depois do golpe de Estado de 1964.
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  • Este blog não concorda que politica econômica monetarista seja guinada à direita. A proposta do Presidente Lula, ao publicar a Carta aos Brasileiros em 2002, era manter os contratos, o que significa não romper com o modelo vigente. A demonstração cabal que a politica econômica de Lula manteve-se na esquerda é a crescente distribuição de renda entre os mais pobres, o que deverá ser continuado num eventual próximo governo petista, apesar do monetarismo relativo. O que se viu foi um movimento para o centro do espectro politico com a aliança com o PMDB. Esta foi a via encontrada para manter a governabilidade e implementar as politicas sociais tão necessárias no Brasil.
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23 de ago. de 2010

SENADO: A chave da eleição 2010.

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Talvez por já ter se dado conta da derrota iminente, a oposição brasileira está travando outra luta, desta vez, no Legislativo.

Correndo silenciosamente por fora, a base da oposição espera eleger senadores o suficiente para continuar a colocar pedras no caminho do governo.

É de se compreender o posicionamento demo-tucano. A única frente que lhes resta, provavelmente, será o Senado Federal. Sem ele, tendem ao desaparecimento.

Algumas lideranças da direita – que preferem não assumir ter jogado a toalha – andam espalhando boatos que Dilma Rousseff, uma vez eleita Presidenta, com maioria (folgada) na Câmara e um Senado controlado, se tornaria um Chavez de saias. Sussuram a Venezualização
do Brasil.

Puro terrorismo.

Mas faz sentido esta pregação, sobretudo em se tratando de arrecadação de fundos para a campanha. Hoje, o PT consegue duas vezes mais recursos que o PSDB/DEM, e tende a crescer ainda mais a diferença. A contribuição é diretamente proporcional ao desempenho nas pesquisas.

Lançar dúvidas na cabeça do empresariado, que é quem financia o jogo, pode trazer beneficios e, em última instância, sobrevida politica à direita. O que se vê na midia – sempre a velha midia – é a amplificação do medo que demo-tucanos tratam de disseminar.

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19 de ago. de 2010

” BLOGS SUJOS”


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José Serra, o rufião melancólico, candidato da direita brasileira, saiu-se com uma pérola de campanha eleitoral. Não bastasse exibir favelas fakes na TV, e usar vozes parecidas a de gente famosa, que logo o desmentiu, agora resolveu ser mais agressivo.

Em discurso durante o 8º Congresso Brasileiro de Jornais, acusou o Governo Federal de financiar "blogs sujos" que dariam "norte do patrulhamento" a jornalistas.

Esta acusação é grave. Tão grave, que não teve coragem de apontar quem seriam tais blogues. Apontou o dedo para o vazio sem dizer quem são os "patrulhadores".

E mais. Acusa o governo Lula de usar recursos públicos para esta finalidade. Disse: "(...) boa parte desta estratégia não deixa de ser alimentada por recursos públicos, como por exemplo da TV Brasil, que não foi feita para ter audiência (...)", segundo informação da Folha.com/eleições.

Quando o Supremo Tribunal Federal julgou a Lei de Imprensa como inconstitucional, e extinguiu a necessidade do uso do diploma de jornalista, abriu-se a possibilidade para qualquer cidadão ou cidadã, de posse de um computador e um sinal de internet, começar a produzir conteúdo e informação. A web é um canal privado que não depende de concessão pública, portanto, pode e deve ser usada para fins privados.

É isso que faz este e tantos outros blogues; ao usarmos nosso tempo disponivel para escrever o que pensamos, estamos contribuindo para a democracia. Seja qual for a tendência politica, a liberdade de expressão está garantida para qualquer um.

Mas não é isso que quer a direita. O candidato Serra fala em censura e liberdade de imprensa, mas esquece que o cidadão também tem seu direito assegurado a difundir conteúdo. Serra – e seus amigos – querem manter o monopólio das comunicações para uso em benefício próprio, como tem acontecido até agora, gerando noticias que o beneficiam enquanto politico.

Qual a razão de uma revista semanal, por exemplo, a Veja, receber recursos públicos e atacar, agredir, ofender o governo? Onde estava o rufião melancólico que não apontou seu dedo para os Civita quando publicaram capa de revista com uma montagem de um pontapé no traseiro do Presidente Lula?

José Serra está ficando cada dia mais patético diante da queda anunciada de sua candidatura.

Melhor faria se recolhesse sua lingua para dentro da boca, ou usasse o cérebro para produzir idéias ou planos de governo. Agredir, sem qualquer prova ou evidência, que blogues estariam recebendo dinheiro do governo para falar mal dele é um delírio. Do tamanho de sua derrota moral e eleitoral!

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Esta semana (22 e 23/08) acontecerá o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, em São Paulo, onde deverão ser discutidos temas como estes. Liberdade de imprensa e opinião é prerrogativa de todos os cidadãos, e não apenas daqueles que se consideram os donos da verdade.

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Este blog já foi chamado de "Portal do Inferno" por um dito jornalista da Folha. Fiquei lisonjeado, pela ofensa ter partido de quem partiu.

Chamar o SANDÁLIAS DO PIRATA de blog sujo será outra ofensa deliciosa, pelo nivel intelectual dos companheiros que escrevem em outros "blogs sujos"como este.

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17 de ago. de 2010

A ESTÉTICA DO FRACASSO.



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Serra: o rufião melancólico

Como cenário, uma favela fake, montada num estúdio, com artistas que simulam uma roda de samba. Muita gente pobre, para sensibilizar o telespectador.


Fazer-se chamar de . De fundo, um jingle que diz quando o Lula da Silva sair, é o Zé que eu quero lá.

O candidato da oposição parece um rufião melancólico.


O primeiro programa eleitoral gratuito tucano na TV mostrou hoje, com bastante clareza, quem é a direita no Brasil. O que pretende e a quem pretende manipular e iludir.


O rufião melancólico, personagem do escritor argentino Roberto Arlt (1900-1942 - a quem tive o prazer de ser apresentado recentemente), é aquele que, ao ver uma mulher, a primeira coisa que lhe passa pela cabeça é: "na rua, ela não renderia mais que 10 ou 20 pesos. Nada mais!" É um ser deprimido que não vê nada além de seu pequeno mundo; não conhece as pessoas que o cercam e nem tem vontade de mudar. Fecha-se em suas próprias crenças como se tudo se resumisse ao seu redor. Agencia mulheres num prostíbulo e não é capaz de ser feliz. Porisso, a melancolia.


Assim é a oposição no Brasil de hoje. Não teve a capacidade de enxergar a alternativa oferecida pelo Partido dos Trabalhadores ao país, depois de oito anos de mandato de Lula. O projeto é simples e de fácil execução, porém depende de uma visão de Brasil que a direita nunca teve vontade de absorver: crescimento com distribuição de renda e emprego.


José Serra está melancólico. Nem seus aliados o citam em propaganda eleitoral. Entregue às manobras de seus marketeiros, não tem discurso, não tem bandeiras e se cerca de pessoas pobres para dizer a todos que é humilde também. Adoraria estar na garupa de Lula, o operário semi-analfabeto que sempre criticou. Suas chances se esvaem à medida que o tempo passa. E como passa depressa!


Falta coragem aos demo-tucanos para atacar o Presidente Lula, porisso o citam no programa numa mensagem que remete a Serra como seu sucessor.


É mentira.


Quando Lula da Silva sair, terá deixado um país melhor.



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16 de ago. de 2010

AGOSTO NEGRO.


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O mês de Agosto está sendo negro para o candidato da oposição a Presidência da República.

Os partidos que enfrentam o PT estavam certos que chegariam nesta fase da campanha à frente de Dilma Rousseff ou, pelo menos, empatados.

Todos os institutos de pesquisa colocam Dilma na liderança isolada. Até o Datafolha, velho manipulador de números, dá 8 pontos de vantagem ao PT.

Pior. O desempenho de Serra nas regiões Sul e Sudeste, considerado seu reduto eleitoral, está se esfacelando.

Bom exemplo disso é o município de São Paulo, tradicional curral da velha direita Udenista, onde Serra já foi prefeito e, hoje, Gilberto Kassab, sua sombra, do DEM, é o atual. No Datafolha, os números apontam para o empate técnico. Serra com 40% e Dilma, com 37%.

Há um mês atrás, o comando de campanha de Serra percebeu alterações no quadro, até então liderado com folga em algumas das mais populosas capitais brasileiras. Nada conseguiram fazer. A candidata Dilma se postou de forma impecável no debate da Band e na entrevista do Jornal Nacional da Globo, apesar do franco favorecimento que Serra foi brindado.

No quadro abaixo, nota-se a tendência de crescimento consistente de Dilma Rousseff em algumas capitais populosas, enquanto Serra despenca. O gráfico "em todo o país" dá clara noção do que está ocorrendo, quando em julho o placar era 37 a 36 à favor de Serra, e hoje, Agosto, inverteu-se. 41 a 33 para Dilma.
Ainda nem começou a propaganda no Rádio e TV, quando o Presidente Lula deverá dizer, com todas as letras, que Dilma é sua preferida. Sabe-se que uma enorme massa de eleitores, aqueles que não se interessam por politica, ainda nem desconfiam de quem é o voto de Lula; 26% dos eleitores ainda afirmam votar no candidato indicado por ele sem qualquer dúvida.

Em 03 de Outubro serão as eleições presidenciais. O tempo parece correr muito depressa para a direita brasileira. O prazo está se acabando com uma velocidade grande e não deixa margem de manobra para que possam tentar reverter o quadro. A ponto de, a assessoria de Serra, esperar que o desempenho da candidata Marina Silva possa tirar votos de Dilma e, assim, levar o pleito para o segundo turno.

Este blog, se tivesse que apostar no vencedor, jogaria todas as fichas em Dilma Rousseff no primeiro turno. Está parecendo barbada!
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13 de ago. de 2010

TIREM FHC DA MINHA CAMPANHA!


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José Serra sabe o que está dizendo. Deu ordem explicita a seus marketeiros para descolarem "completamente" a imagem de FHC da sua.

É um grande incômodo; um fardo que pesquisas qualitativas apontam como uma imagem negativa que, associada a Serra, o levará à derrota.

Serra conhece FHC e seus métodos. São fundadores do partido que os sustenta. Serra foi Ministro de FHC e seu candidato à sucessão de 2002. Serra e FHC perderam para Lula, o operário, e está em vias de perder novamente para Dilma, escolhida de Lula, o operário.

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Quinta-feira, 1º de Setembro de 1994. 23 horas. Toca o telefone na residência do Senador Pedro Simon, em Porto Alegre. Chega um fax endereçado ao candidato Fernando Henrique Cardoso. Era o conteúdo das declarações de Rubens Ricupero, então Ministro da Fazenda, que vazaram pelas antenas parabólicas do país inteiro, afirmando ao jornalista Carlos Monforte que " eu não tenho escrúpulos, o que é ruim, a gente esconde".

FHC diz a Simon que o Presidente deveria demitir o Ministro imediatamente. De lá, ligam para Itamar Franco, que dormia. A empregada, Raimunda, se recusa a acordar o Presidente. FHC insiste, mas só no dia seguinte, às 09 horas, ele consegue contato e manda Itamar demitir Ricupero. É atendido.

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Itamar Franco consulta seu ex-Ministro da Justiça, Mauricio Correa, que recomenda um nome para o Ministério da Fazenda: Ives Gandra Martins. FHC não aceita: "ele é liberal, votou no Maluf!", argumenta. Itamar diz que tentou Ciro Gomes, do PSDB, mas que este recusou. "Vou falar com Ciro", disse FHC e ligou para Fortaleza.

Ciro assumiu em 06 de Setembro de 1994, às vésperas da eleição. A promessa de FHC era nomeá-lo Ministro da Saúde quando assumisse a Presidência da República. Nunca o nomeou.

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Na campanha presidencial que culminou com o segund mandato de FHC, precisamente em agosto de 1998, a assessoria de comunicação de FHC, através da empresa Free Press, foi colocada a campo para produzir dossiês sobre os demais candidatos.

Jornalistas seguiram secretamente, e até tiraram fotos, da suposta amante de um dos adversários de FHC. A idéia era preparar munição contra possiveis ataques que pudessem fazê-lo perder.

A Free Press buscou informações detalhadas à respeito de um acidente de carro que matou o lider estudantil Luiz Travassos, em 1982, no Rio de Janeiro. Quem dirigia o carro era Aluizio Mercadante, candidato a Vice-Presidente na chapa do PT de Lula. Descobriu que o inquérito teria sido arquivado pelo Secretário de Segurança do RJ, Waldir Muniz, famoso por ter envolvimento no atentado a bomba do Riocentro, em plena ditadura. Muniz era tio de Mercadante.

A arapongagem tucana fez chegar este dossiê a um importante jornal carioca e esperava que a divulgação explodisse a campanha de Lula.

Não deu certo. O nome do tio de Mercadante era Wilson Muniz, ex-Reitor da USP, e nada tinha a ver com o acidente fatal de Travassos. Uma falha grotesca da assessoria de FHC.

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Em maio do mesmo ano, FHC participou de um encontro secreto com Orestes Quércia, também candidato ao Planalto. O encontro foi na casa de Luiz Gonzaga Belluzo.

FHC pretendia selar um pacto com o PMDB de Quércia, onde um não atacaria o outro. Quércia concordou que o tom das campanhas deveria ser ameno.

O tucano confessou ter um "probleminha, uma bobagem": uma fazenda comprada em sociedade com Sérgio Motta, o Serjão, em 1989 mas só declarada no ano seguinte, pelo valor de 2 mil dólares, valor muito abaixo do mercado.

Quércia manteve o segredo.

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Na véspera da eleição que levaria FHC ao segundo mandato, ele estava nervoso e ansioso. À noite, em seu apartamento de Higienópolis, tomou um whisky para tentar relaxar. Precisava vencer a eleição no primeiro turno e sentia-se inseguro.

Assistia à reportagem sobre o famoso debate presidencial norteamericano de 1960, quando John Kennedy virou o jogo sobre Richard Nixon, quando o telefone tocou. Era o diretor de jornalismo da Rede Globo, Alberico Sousa Cruz, que lhe trazia números frescos da pesquisa Ibope sobre a eleição presidencial. FHC anotou num papel o placar. 48 a 21.

Sem qualquer modéstia, murmurou para si mesmo: "Na TV sou melhor que Kennedy!"

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No dia seguinte, FHC acordou cansado. Votou por volta da hora do almoço no bairro de Indianópolis e encerrou a campanha que o levaria de volta ao Planalto.

Uma campanha cheia de artimanhas, intrigas e dossiês; briga generalizada entre seus marketeiros e o marketeiro de Bill Clinton, James Carville, cujo pagamento pelos serviços prestados ao PSDB até hoje é incerto.

José Serra conhece muito bem FHC e cada um de seus métodos. Tem razões de sobra para querer mantê-lo distante de sua campanha.

Resta saber se conseguirá.

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8 de ago. de 2010

A DEBANDADA DO NINHO.

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Um pássaro, ao atingir a condição que lhe permita voar, abandona o ninho.

Entretanto, quando o ninho é atacado por predadores, ou sofre com intempéries, ou, ainda, quando há escassez de alimento, os pássaros também debandam.

Este não parece ser o caso de certas espécies de aves. Me refiro, é óbvio, ao politico que adotou o símbolo do pássaro Ramphastos tucanus, ou, apenas, o tucano

Este blog soube, através de fonte segura, que, após o desempenho no debate da candidata petista ao governo federal, Dilma Rousseff, uma grande quantidade de Ramphastos tucanus foi tomada pelo desânimo. Acreditavam que ela teria uma performance fraca, que seu comportamento pudesse ser aproveitado na campanha da oposição para aplicar-lhe um rótulo negativo.

Não foi isso que se viu. Nos primeiros minutos, ela até titubeou mas, com o passar do tempo, e diante das inquirições de seus adversários, foi tomando corpo e crescendo, até assumir uma posição bastante confortável e segura diante das câmeras da Band.

Não é este blog que está dizendo isso. São palavras de membros da oposição que pediram para ter seus nomes ocultados. Talvez por medo de retaliações. Quem sabe.

Parece que uma revoada está se preparando. Com a chegada do horário eleitoral na TV, com a presença do Presidente Lula ao lado de Dilma, a tendência será crescer ainda mais, com imensas e reais possibilidades de vitória no primeiro turno.

Pelo menos, é isso que pensam certos Ramphastos tucanus prontos a pular fora do ninho.
Mesmo sem, ainda, saber voar.

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