10 de mar. de 2013

A BATALHA: NÓS X ELES



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A julgar pela semana que passou, a impressão é que a batalha por 2014 será intensa. E quente.

Dois fatos relevantes marcaram a semana na política: a morte de Hugo Chávez e o pronunciamento da Presidenta Dilma Rousseff no Dia Internacional da Mulher.

Antes de prosseguir, é preciso ter em mente que a mídia fundamentalista do Brasil lançou a corrida presidencial de 2014 ao repercutir com intensidade o lançamento do partido de Marina Silva, ao insistir na candidatura de Eduardo Campos do PSB, além de cobrir com muito entusiasmo os discursos do candidato e Senador Aécio Neves, do PSDB.
Por mais que digam que Dilma está em campanha para a reeleição, é notório que setores da imprensa mostraram suas armas para tentar derrubar o projeto do Partido dos Trabalhadores no comando da Nação. Enquanto únicos oposicionistas, veículos de comunicação sabem que, ou começam a agir desde já, ou serão novamente engolidos nas urnas em 2014.


A cobertura da morte de Hugo Chávez revelou-se vergonhosa e vulgar. Apesar dos milhões de venezuelanos que choram a morte de seu líder, “analistas” políticos, sobretudo da globo*, emitiram comentários desprezíveis e ofensas grotescas aos nossos vizinhos.  No o globo*,  trataram Chávez como assistencialista, paternalista, caudilho, “pai dos pobres”. A cretina Miriam Leitão acusa as políticas sociais venezuelanas de não serem sustentáveis e afirma que o “choro coletivo em Caracas” se deve às “bondades” de Presidente morto.
Na folha*, acusaram seu “perfil autoritário”, seu “domínio oligárquico”, além da pérola de ser um  “fenômeno retardatário do populismo latino-americano”.
A revista veja* deste domingo, por exemplo, coloca imagem obscura de Chávez na capa e o título “Chávez – A herança sombria”.

Em 08 de Março, em rede nacional de rádio e TV, a Presidenta do Brasil, além de parabenizar as mulheres, anunciou a desoneração fiscal da Cesta Básica e a inclusão de novos produtos de consumo no cálculo.
Foi duramente criticada. A cheirosinha Eliane Catanhede escreveu que o gesto nada mais foi que um “saco de bondades” para coibir o crescimento desenfreado da inflação, ligando o pronunciamento de Dilma à campanha eleitoral. No o globo*, a desoneração de impostos é um “embate entre governo e oposição”.
E vai por aí.

A tentativa de tratar as pessoas como estúpidas e ignorantes é risível. De olho no processo eleitoral – e diante da cada vez mais distante possibilidade de vitória – de 2014, setores conservadores pretendem que todos os brasileiros votem de acordo aos ideais mais atrasados da política apenas para voltar a favorecer os mesmos grupinhos de sempre.

Nos períodos em que estiveram governando o Brasil, apesar de reconhecer o abismo que separava as classes sociais, os grupos políticos hoje na oposição insistiam que era preciso fortalecer o país antes de distribuir renda. Passamos por períodos de crescimento e a riqueza sempre se manteve nas mãos dos mesmos; sobravam migalhas que acreditavam eram capazes de manter indefinidamente “cada um no seu lugar”.

Aqui, a partir de 2002, as coisas mudaram sensivelmente. Milhões foram incluídos, passaram a consumir e a ter direito a moradia. Não só no Brasil como em diversos países da América Latina. O sucesso das políticas públicas passou a ser determinante na eleição e reeleição de diversos líderes no Brasil, Venezuela, Argentina, Equador, Bolívia, Peru...

Foi então que surgiram os ataques da mídia fundamentalista nestes países, que tratou logo no início de acusar os governos de restringirem a liberdade de imprensa, de tratar os Presidentes e Presidentas de populistas e demagogos, de apontar as falhas nas políticas econômicas de cada um de seus governos, de usar de artimanhas editoriais para fazer crer a seus leitores que estes governos não eram capazes de governar.

Como se todos os governos de esquerda tivessem a obrigação de resolver todos os problemas sociais causados por décadas, séculos, de exploração da mão de obra em benefício de uma camada social reduzida, em tão pouco tempo!

Para ficar apenas nas políticas sociais de Venezuela e Brasil, o salto de qualidade de vida das populações pobres foi tão forte, tão relevante, que os líderes destes dois países são tratados com um carinho sem medida, a ponto de pessoas permanecerem 24 horas na fila de visita ao corpo de Hugo Chávez!
E de setores da oposição tentarem derrubar Lula mesmo sendo ele um ex-Presidente da República!

O estridente ruído da imprensa, na tentativa de maquiar a imagem de seus políticos preferidos, e de demonizar os demais, tem razão de ser. No capitalismo ocidental, as empresas de comunicação estão nas mãos de poucas pessoas, e seus interesses estão intimamente ligados aos governos liberais. Quando não são contemplados, seus editores-chefes passam a operar sob comando alinhado aos desejos do grande capital, acusam, ofendem, caluniam, usam de todas as técnicas de difamação para desconstruir a imagem de um político na vã esperança de não ter que dividir um assento de avião com um pobre, uma rua com um carro popular, uma fila de supermercado com um favelado.

Quando, no Brasil, criou-se o PROER – programa de auxílio a bancos privados endividados – a imprensa não estrilou, o Bolsa-Familia é tratado como Bolsa-Esmola.

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“DEFENDEREMOS NUESTRA PATRIA CON NUESTRA PROPRIA VIDA” – de um operário venezuelano na fila de visita ao corpo do Presidente Hugo Chávez.
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*  Este blogueiro recusa-se a grafar os nomes dos jornais folha, globo e estadão, e da revista veja, com as iniciais maiúsculas.
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6 de mar. de 2013

Venezuela y Cuba.


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Ao ler a notícia da morte de Hugo Chávez, ontem, foi difícil não remeter a lembrança a Fidel Castro. Duas lideranças políticas das mais relevantes na América Latina, um doente e outro, idoso e já debilitado.

O desdobramento da perda de Chávez será determinante para o futuro da Venezuela, assim como será Cuba sem Castro. Ambas as Pátrias estão em oposição aos EUA e a eficácia da influência norteamericana em Caracas daqui por diante poderá revelar, de modo inequívoco, qual será a atitude do governo da maior potência econômica e militar do mundo em relação a seus oponentes do hemisfério sul.

A economia venezuelana está fortemente atrelada à produção e exportação de petróleo. Por volta de 90% de suas exportações está ligada a esta atividade, logo, seu PIB é ultradependente. Esta é a razão que liga fortemente os EUA a Venezuela. Um precisa do outro. Entretanto, assim que Hugo Chávez passou a controlar a exploração e a comercialização do petróleo, nasceu um ódio recíproco. Chávez, em discurso na ONU, fez o sinal da cruz ao mencionar o nome de George W. Bush e disse que sentia cheiro de enxofre! Em pleno território americano!

A Venezuela estatizou a exploração e distribuição de sua maior riqueza e dezenas de empresas norteamericanas  deixaram o país. A partir de Chávez, criou-se uma política de apoio aos países mais pobres do Caribe com a venda de petróleo a preços subsidiados. Hoje, a América Central gasta 19% de seu PIB em compra de petróleo da Venezuela! Chávez incomodava muito aos irmãos do norte.

O uso político do petróleo, com o investimento da renda gerada em melhorias sociais, provocou ações de desestabilização do governo democrático da Venezuela, por parte dos EUA, a ponto de agentes dos EUA promoverem um golpe de Estado contra Chávez, conforme revelaram documentos vazados pelo WikiLeaks. Em Abril de 2002, o empresário Pedro Carmona, sob coordenação de Washington e com auxilio de parte da mídia, partidos de oposição e militares rebeldes, se autonomeou Presidente da Venezuela e depôs o Presidente eleito. Pouco depois, diante da pressão popular, Carmona renunciou e Chávez voltou ao poder. A oposição venezuelana nunca descansou; o objetivo sempre foi desacreditar El Comandante na mídia ocidental – no Brasil, os grandes meios de comunicação sempre trataram Chávez como populista, ditador, caudilho, antidemocrático, louco, etc. – com o claro objetivo de sacá-lo do poder.

É preciso lembrar, nesta altura do post, que todas as eleições vencidas por Chávez foram legítimas e democráticas; observadores internacionais, da OEA, inclusive, estiveram presentes em todas elas e nunca puderam constatar fraudes. Ainda, não podemos esquecer que, diante da pressão exercida pelos EUA e pela oposição local, em 2004, Hugo Chávez lançou um Referendum para reafirmar sua liderança como chefe de Estado e de Governo. Venceu com 59% dos votos. Portanto, taxá-lo de ditador nada mais é que querer combater suas ideias através de mentiras.

Todo tipo de acusações foram feitas a Hugo Chávez, nenhuma com consistência o suficiente para fazê-lo perder eleições. O povo venezuelano o adora, é fácil constatar. Seus detratores nunca aceitaram as reformas constitucionais promovidas por seu governo bolivariano – aumento dos direitos dos antes marginalizados, criação dos Conselhos Comunais e das cooperativas de trabalhadores, implementação das Missões Bolivarianas (ações de justiça e bem estar social, luta contra a pobreza, melhoria do sistema educacional e militar, etc.), reforma agrária, etc..

Pois bem, hoje a Venezuela chora seu líder. A oposição venezuelana começa a mostrar os dentes. Henrique Capriles, o opositor derrotado nas últimas eleições presidenciais, que estava em Miami ontem (em Miami ....) já declarou que o momento é de calma e que o país deve respeitar a dor. Mas, é claro, já se lançou candidato para as eleições presidenciais de emergência convocadas para daqui a 30 dias, conforme prevê a Constituição. O candidato da situação será Nicolás Maduro, atual Vice-Presidente.
A previsão é de vitória de Maduro, herdeiro político de Chávez, diante de um quadro de comoção social.

Mas, e quando Fidel Castro morrer?
Se Chávez era um inimigo comercial dos EUA, Fidel é o maior inimigo político dos norteamericanos desde os anos 60 do século passado. Uma ilha que tentaram invadir sem sucesso, onde promovem – até hoje – ações de tentativas ilegais de desestabilização do governo local, até planos de atentado a morte contra os Castro. Tudo vazado pelo WikiLeaks através de documentos oficiais.

A “democracia” que os EUA pretendem exportar não tem limites e muito menos respeito pelos povos onde intrometem seu nariz. Quando invadem uma Nação para impor seu modelo à força, tudo o que conseguem é matar sumariamente todos os que se colocam contra sua vontade! E, pior, não conseguem instalar o regime de governo que pretendem e jogam suas vítimas em infindáveis guerras sangrentas. Não foi assim no Afeganistão e no Iraque? Na Coréia e no Vietnã? Não é por esta razão que o soldado americano Bradley Manning está preso há mais de mil dias sem julgamento, pelas imagens do frio assassinato de inocentes no Iraque? Qual o nome da “democracia” que permite uma base militar em Guantánamo?

Em Cuba, país que sofre há mais de 50 anos com um bloqueio comercial desumano, será o ponto de honra da política externa do Presidente de plantão tão logo seja anunciada a morte de Fidel Castro. Já deve estar em curso um plano de ação para que a ilha seja inundada por propaganda norteamericana. Passarão por sobre os cubanos como um trator?

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4 de mar. de 2013

O Povão e o Pibinho.

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Refestelam-se os opositores do governo com os dados do PIB de 2012. Comemoram, partidos e midia, o baixo crescimento da economia do Brasil no ano que passou. Meros 0,9%.

Por outro lado, estes mesmos personagens não entendem que a atual administração, da petista Dilma Rousseff, goza de índices de popularidade superiores aos de FHC ou Lula, em seu segundo ano de mandato.

O raciocínio é pequeno: tucanos e imprensa fundamentalista julgam a economia pelo PIB, pela inflação, pela taxa de juros. O povão, pensa grande: empregabilidade, aumento real de salário, acesso a bens de consumo e sensação individual de bem estar.

Parece lógico que os índices econômicos reflitam a realidade do país. No caso da Europa do Euro, por exemplo, o caos econômico que se instalou em alguns países - Espanha, Grécia, Irlanda, Portugal - afetou diretamente a vida cotidiana de sua população, sobretudo com os cortes orçamentários que atingiram em cheio os programas sociais. Por isso, a grita é geral por aquelas bandas.

Aqui, ao contrário, diante da crise que teima em arrasar economias desde 2008, os gastos do governo aumentaram! Não houveram cortes das áreas sociais, ao contrário, foram incrementados. O PAC - Programa de Aceleração do Crescimento - foi remodelado e o Governo Federal passou a investir cada vez mais em infraestrutura, que ainda precisa de muito investimento.

(Antes que qualquer desavisado venha resmungar que o governo gasta demais, é preciso esclarecer que, em 2012, o saldo de reservas para pagamento de juros - o tal superávit primário - ultrapassou e muito a meta fixada. Logo, não houve prejuízos na área financeira e o excedente da arrecadação pôde ser consumido no investimento social).

O resultado inequívoco do acerto é a contínua geração de emprego e renda, o que realmente interessa ao Povão. O fato de saber que parentes e amigos estão ocupados; seu salário cresceu acima da inflação e deu para comprar um carrinho, mesmo que usado, dá a sensação de bem estar que tomou conta da classe média-média emergente.

O PIB, que é a soma de bens e serviços produzidos no ano, foi fraco, é verdade. Mas boa parte da população obteve progresso em sua renda. A razão é, também, óbvia: aqueles que nunca consumiram passaram a consumir. Se medíssemos o PIB apenas da classe média-média para baixo, veríamos um número  bastante superior aos 0,9%.

Em realidade, o alarde com o Pibinho tem apenas um propósito: apontar erros na condução da economia e, por consequência, tirar proveito político do desgaste.
As críticas, fossem sérias e bem intencionadas, nunca poderiam deixar de citar a crise internacional que se sustenta há 5 anos, causando estragos pelo mundo. Há erros do Governo Federal? Claro! Mas os acertos são maiores e o rumo que escolhemos para o Brasil mantém sua rota de geração de emprego com distribuição de renda.

Se o dono do banco reclama da taxa de juros e pede a cabeça do Ministro da Fazenda; se a multinacional reclama dos impostos; se a oposição diz que está tudo errado, é parte do jogo.

O que não podemos é achar que o resultado do PIB é determinante para que a população realize seu direito de ascender socialmente, afinal, houve uma época em que o PIB era magnifico e nem porisso as pessoas viviam melhor.

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Apenas para constar - e para delírio de alguns: o PIB do último trimestre de 2012 foi de 0,6%, o que indica um movimento de recuperação. Espera-se, para 2013, algo entre 4 e 5%.
É pouco, visto que quanto maior o PIB maior pode ser o investimento social. Mas é o caminho disponível.

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