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Na sua edição de hoje, o diário norte-americano, um dos mais influentes do país, THE WASHINGTON POST, em seu editorial, diz:
"THE NOMINATING process this year produced two unusually talented and qualified presidential candidates. There are few public figures we have respected more over the years than Sen. John McCain. Yet it is without ambivalence that we endorse Sen. Barack Obama for president. "
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Isso mesmo.
Apesar do respeito pela figura pública de John McCain, o jornal assume publicamente apoiar Barack Obama para presidente dos Estados Unidos.
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Mais ao sul da América, outra batalha eleitoral está sendo travada, desta vez, pelo controle da maior cidade abaixo dos trópicos: São Paulo.
Está em jogo a disputa pela prefeitura da capital, onde dois concorrentes, claramente antagônicos em suas posições políticas e história de vida pública, pretendem dirigir a metrópole de terceira maior arrecadação de impostos do país (perde para a União e para o Estado de São Paulo).
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O povo, dividido entre direita e esquerda, elegerá aquele que tiver maior capacidade de lidar com as adversidades de uma cidade de mais de 8 milhões de habitantes. Estão em plena campanha Marta Suplicy, do Partido dos Trabalhadores, e Gilberto Kassab, do Democratas.
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Em Washington, os editores declararam sua posição política ao eleger Obama como seu candidato preferido. Mas apenas nos editoriais, com assinatura. As matérias políticas continuam sendo tratados com a isenção necessária ao bom jornalismo.
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Em São Paulo, os dois maiores jornais, Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo, disputam a liderança pela mentira: ambos apoiam o candidato Kassab, mas nenhum dos dois tem coragem -- ou moral -- de publicar em seus editoriais sua opção política.
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A total falta de compromisso com a verdade dos jornalistas que cobrem a seção de política dos jornais é vergonhosa; aliados à rede Globo de Televisão, pretendem que a população da capital do maior estado do país seja manipulada no que tem de mais sagrado: o direito à informação.
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Recentemente, apoiados numa peça publicitária da candidata do PT, que perguntava se o povo conhecia seu oponente, a imprensa aproveitou uma das perguntas (ele é casado? Tem filhos?) para afirmar que Marta Suplicy chamava Kassab de homossexual.
A mesma imprensa que há pouco tempo cunhou Marta Suplicy de "Marta e seus dois maridos", numa alusão a uma visita de seu ex-marido, o Sen Eduardo Suplicy. Marta, hoje, é casada com Luis Favre.
Ontem, num violento confronto entre polícias militar e civil, nas ruas de São Paulo, causado pela tentativa do comando de greve da polícia civil tentar negociar com o governador, a imprensa buscou todos os argumentos para provar que era um movimento político das esquerdas, do PT. Aliás, essas foram as palavras do governador José Serra aos jornais ao vivo.
José Serra apóia Kassab.
Um delegado em início de carreira ganha R$ 3.708,18 -o pior salário do país. A média salarial é de R$ 7.085,85, mais baixa que o piso de 11 Estados.
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Onde está a liberdade de imprensa desse país, que se esconde atrás de notícias fantasiosas e imaginárias com o único objetivo de interferir no processo eleitoral?
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A MÍDIA BRASILEIRA MENTE!
A IMPRENSA BRASILEIRA NÃO TEM CARÁTER!
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Em postagens anteriores, fiz várias críticas ao governo dos EUA. Eles tem lá seus defeitos, e não são poucos, e prejudicam centenas de milhões de pessoas inocentes mundo afora. Mas devo reconhecer que a liberdade de expressão lá, existe. Enquanto aqui, é uma peça de ficção.
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Eu apoio a candidata Marta Suplicy, do PT. Não tenho medo ou vergonha disso; pelo contrário, me sinto gratificado pelas horas gastas em campanhas que participei nas ruas, apoiando candidatos de minha preferência. Não minto para meus amigos, nem para meus inimigos.
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Se eu não puder ter orgulho de me dizer PETISTA, com todas as letras, serei, então, covarde, como boa parte da imprensa do Brasil.
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3 comentários:
Aplaudo sua análise e acrescento: suspeito que a tragédia de Santo André tenha o mesmo ponto de origem. Num momento de inflexão das estatísticas em favor de Marta, dois eventos gravíssimos desviam a atenção.
A observar e esclarecer, por mais que tenhamos nojo até de imaginar tamanha falta de caráter.
Beto Mafra.
O caso é que as pessoas cada vez mais "votam na pessoa", como se afirma por aí. Ter a tal postura ideológica que nós temos, ter um partido político, está crescentemente "em desuso", pra nossa infelicidade. Quando afirmo categoricamente que SOU PT , as pessoas me olham como se eu fosse o inseto mais estranho do milênio!
A campanha de Kassab em São Paulo reforça no cidadão essa idéia de que postura ideólogica e partidos políticos estão em desuso,além do conservadorismo histórico do palulistano. Esta é a campanha das musiquinhas, os marqueteiros do Kassab fizeram as melhores musiquinhas. A eleição será ganha pelas musiquinhas, mais pegajosas do que as sertabregas. Pobre cidade de São Paulo, pobre povo palistano mais humilde. A fatura virá, todos pagaremos.
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