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Esta semana, um governador brasileiro sancionará uma lei que vai colocar a escola pública onde ele, o governador, realmente deseja: na sarjeta!
Falo do Estado de São Paulo, o de maior poder econômico da nação, e de seu governador, José Serra, o que tem em seu curriculum a mancha do sangue da jovem Eloá, assassinada pela incompetência de sua policia.
A idéia do tucano é simples (como, aliás, tudo se torna simples nas mãos mágicas neoliberais dessa turma de pseudo-administradores): Os servidores das escolas públicas estaduais receberão bônus salariais de acordo ao desempenho dos alunos!

Isso mesmo.
Se o aluno tira boas notas, o salário aumenta; se as notas forem baixas, nada de melhoria salarial.
Outra dia, uma leitora deste blog fez comentário afirmando que a coisa privada é mais eficiente que a coisa pública. Citar a Cia Vale, é a justificativa mais comum, mas errada (por várias razões, mas não vou comentar isso agora). Este princípio foi martelado durante décadas pela imprensa comprometida do Brasil, buscando benefícios privados para grupos de amigos, mas sempre com dinheiro público por trás.
O que o governo de São Paulo pretende é aplicar os princípios da iniciativa privada no ensino, remunerando pelo desempenho. Mas esquece que o assunto é muito mais sério, e compromete o futuro de, talvez, gerações inteiras que vivam sob a ótica neo-liberal de um grupo conservador da política brasileira.
Nem é preciso ser educador para saber que isso não dará certo. Acadêmicos e lideranças sindicais lançaram sua ira sobre a proposta, agora, lei, que entrará em vigor em breve no estado. Basta raciocinar um pouco, coisa que os tucanos rejeitam quando se trata de dever com o povo.
Ao despejar toda a responsabilidade de sua incompetência administrativa sobre as costas dos professores de escolas estaduais, ele, o governador responsável pela execução sumária da jovem Eloá Cristina, está dizendo à sociedade: Se o ensino está ruim, a culpa é dos professores!
Já disse antes, e repito: Tucano odeia administrar a coisa pública; acha um tédio!
Querer que estes profissionais da educação, que precisam de tempo para preparação de aulas, atualização de matérias, estudos sobre sua pasta, e tantas outra atividades extra curriculares, querer que ainda assim sejam eles os únicos responsáveis pelo bom desempenho de seus alunos é uma piada. De mal gosto!
Num estado como São Paulo, com diferenças culturais, sociais e raciais tão grandes, é muito simplismo não dar as condições necessárias de trabalho aos professores (salário, segurança, acesso, cursos de preparação, etc.) e ainda responsabilizá-los pelo baixo desempenho escolar de suas classes.
Isso irá destruir a escola pública definitivamente; jogá-la na vala comum da incompetência administrativa de um grupo político interessado unicamente em valorizar o que é privado. E tirar proveito disso (como se está provando, com os sucessivos escândalos envolvendo os tucanos, desde quando FHC era Ministro da Fazenda de Itamar Franco. Isso é o que afirma o delegado Protógenes Queiróz, em entrevista ao jornal Caros Amigos, aparentemente, apoiado em provas).
O povo de São Paulo não pode assistir calado a este crime contra nossos jovens.
A insanidade administrativa de José Serra, aquele que tem a mancha do sangue de Eloá, compromete o futuro de muitas crianças.
Algo deve ser feito. Com a máxima urgência, antes que seja tarde!
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