5 de jan. de 2010

O SUICIDIO DA MIDIA TRADICIONAL

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O FIM DO CONTROLE DA VERDADE.

A revista Carta Capital publicou matéria intitulada “Luta na Idade Médiapara tratar do assunto COMUNICAÇÃO NO BRASIL. Segundo o autor, Luiz Antonio Magalhães, companhias de telefonia estão prontas a entrar em operação no Brasil com TVs a cabo, pagas, utilizando suas estruturas já montadas para levar conteúdo a seus clientes.


Isto já era previsto com o uso comercial da fibra ótica. Nenhuma novidade. A tramitação do Projeto de Lei - PL29 está hoje na Câmara dos Deputados, e prepara o marco regulatório dos setores de telecomunicação, produção audiovisual e TV paga. Deverá ir ao Senado ainda em 2010. Será a “autorização” para o início da ampliação do setor.

O fato interessante é que as grandes corporações midiáticas hoje existentes no Brasil – Rede Globo, Folha de SP, Estadão, Veja, etc – tornam-se empresas minúsculas diante do poder econômico das companhias de telefonia instaladas no país.

Vejamos:

A Globo fatura anualmente algo em torno de 7 bilhões de Reais. Terá que concorrer com a Telefônica, empresa espanhola que fatura mais de 50 bilhões de Euros ao ano!! Além desta, outras operadoras de telefonia poderão incendiar ainda mais o mercado, como a Vivo (participação portuguesa e espanhola), a Claro e a Embratel (controladas pela gigante Telmex mexicana ), a TIM italiana e a Vivendi francesa, quando selar acordo com a GVT.

Não bastasse a concorrência com gente de fora, importantes Igrejas estão entrando no ramo de comunicações, como a Universal, por exemplo, que detém o controle da TV Record e três jornais impressos – O Correio do Povo, a Folha Universal e o Hoje em Dia – com tiragem superior a 2,5 milhões de exemplares.

Além da Universal, outras igrejas com alto poder de faturamento através dos dízimos dos fiéis se arriscam a criar seus impérios comunicativos, como, por exemplo, a Renascer.

Até pouco tempo atrás, os grandes coronéis brasileiros eram proprietários da única verdade de sua região: eram os donos das rádios e TVs locais. Ainda são. Há pouquissimo tempo atrás, a elite paulistana se acreditava “formadora de opinião” e, através de seus representantes tucanos mais ilustres controlava – e ainda controla – a verdade através da influência junto aos editores-chefe de jornais e telejornais.

Essa gente, reunida em rega-bofes de primeira qualidade, costumava reclamar que os carros produzidos no Brasil eram carroças e que não tinhamos telefone celular; o custo de uma viagem a Miami era absurdo e comprar um vinho francês era tarefa dificil fora dos Free Shops.

Resmungavam – e lembro perfeitamente do Jornal Nacional insistir na abertura econômica do país, criticando a República do pão-de-queijo do Presidente Itamar Franco que trouxe de volta o bom e velho fusca da VW – pelo direito de poder fazer parte do mundo civilizado e ter acesso fácil à fartura que o capitalismo oferece. Ainda tinham controle sobre as mentes do povo brasileiro e elegeram o supra sumo da elegância européia, o nefasto FHC, Presidente do Brasil. Fizeram dele o “dono” do Plano Real e venceram o operário analfabeto com facilidade.

Então veio a globalização e a elite brasileira se regozijou nas delicias dos ProSecco italianos, nos celulares com flip, nas bolsas Louis Vuitton e nas excursões a Budapeste e Praga com direito a parada rápida em Amsterdam para visita ao Museu Vincent van Gogh. Maravilha!

Abriram as portas do Brasil, definitavemente, ao privatizar, sem dó, quase todo o setor de comunicações brasileiro, incentivados e aplaudidos pelos Marinho, Civita, Mesquita e Frias, para citar os mais influentes.

Aí começou o suicidio.

Diante de um mercado extraordinário e praticamente inexplorado, as empresas estrangeiras investiram pesado no Brasil. Os cadastros de clientes destas operadoras de celular, e os cadastros de clientes de cartão de crédito, permitem a estes grupos multinacionais rastrear a vida financeira de cada um de nós. Se viaja, onde vai, com quem fala, quanto gasta, quais hotéis e restaurantes costuma frequentar ... passaram a ter o controle da verdade .

Os grandes coronéis caíram. As audiências das Tvs abertas despencam, assim como a tiragem dos jornalões. A credibilidade de certos jornalistas está indo para o ralo junto com a de seus patrões ; os âncoras das TVs fazem cara feia, dizem bobagens em off e se tornaram repetidores de teleprompters.

Amarraram a corda no pescoço ao insistirem na globalização e, agora, diante da queda iminente de seus impérios, não tem mais para onde correr. O poder de controlar a verdade está perto do fim, e eles já sabem disso.

A nós, blogueiros independentes, que não recebemos verbas públicas ou privadas para escrever, resta o ato de chutar o banquinho para ver pender o corpo da imprensa mais comprometida do planeta sem vida.

A verdade mudará de dono, e é a chance que temos de tomá-la das mãos covardes dos neoconservadores que nos dominam há séculos.

A VERDADE poderá ser de todos nós, com liberdade, respeito e, sobretudo, democracia.

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