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Um uruguaio de 54 anos, chamado Mario Neira Barreiro, está preso no Rio Grande do Sul desde 2003, em penitenciária de segurança máxima. Motivo: tráfico de armas, falsidade ideológica, formação de quadrilha e roubo. Ele nega o roubo. Foi preso em 1999 usando o nome de Antonio Meirelles Lopes. Fugiu algumas vezes, mas foi recapturado outras tantas.Aos 18 anos, em Montevideo, foi fazer parte do GAMMA - do serviço secreto uruguaio - um grupo pára-militar de combate armado aos “subversivos”. Foi estudante de engenharia e tomava aulas de português. Uma de suas tarefas como agente secreto foi vigiar o presidente João Goulart (foto), de 1973 a 1976. Deposto pelo Golpe Militar de 01 de abril de 1964, Jango, como era conhecido, exilou-se no Uruguay para viver na fazenda Maldonado, de propriedade de sua família. Virou alvo fácil dos militares brasileiros e uruguaios, amparados e financiados pela CIA. Jango era considerado perigoso para a ditadura, e deveria ser exterminado.
Em 1976, montou-se a OPERAÇÃO ESCORPIÃO. O então presidente do Brasil, o fascista Ernesto Geisel, acertou os detalhes da operação com a inteligência uruguaia. Teria sido acompanhado e financiado pela CIA. João Goulart sofria do coração. Tinha 58 anos e tomava os comprimidos Isordil, Adelfan e Nifodin, em cápsulas. Era muito relaxado e abria vários frascos ao mesmo tempo. Tinha as pílulas no porta luvas do carro, no escritório da fazenda, e no Hotel Liberty, onde se hospedava quando ia a Buenos Ayres.
Certo dia, o tenente Tamúz - codinome de Mario Barreiro - e outros espiões fingiram ter um pneu furado em frente a fazenda de Goulart. O ex-presidente os viu e foi ajudá-los; fazia frio e convidou-os para um café na fazenda. Barreiro ficou pensando o quanto Jango era burro .... tomaram o café, o lanche e, ao irem embora, Tamúz perguntou o nome de seu anfitrião.
Jango respondeu: "Mas como, rapaz, tu não sabes quem sou eu? Tu estás me vigiando. Achas que sou bobo? Fui presidente do Brasil porque sou burro? Estou te convidando para minha fazenda porque não tenho nada a esconder. Sei que estão me vigiando, mas não sou inimigo de vocês"
Meses depois, Ernesto Geisel deu a ordem a Sérgio Paranhos Fleury, delegado do DOPS, para fazer o que deveria ser feito. Chamaram um médico-legista, capitão do serviço secreto, de nome Carlos Milles, que preparou compostos desidratados de cloreto de potássio. Não foi difícil colocar o veneno nos frascos de remédio que Jango tomava diariamente. O efeito seria idêntico a um ataque cardíaco. Foi o que disseram, na Argentina, onde encontraram o corpo, na tarde de 6 de dezembro de 1976.
Segundo Barreiro, a CIA teria gasto muito dinheiro para descobrir o quê e com quem Jango falava. Colocaram escutas de alto desempenho capazes de captar conversas a quilômetros de distância, numa época em que a tecnologia era algo abstrato. João Goulart nunca teria falado nada de excepcional; conversava de política com amigos e era opositor dos militares no Brasil. Mas Geisel via perigo naquele homem. Decretou sua morte, ajudado por um bando de assassinos cujos nomes fazem parte da história do Brasil. Alguns, os que ainda estão vivos, conhecem outras histórias como essa. Muitas, se não forem confessadas como fez esse espião, serão enterradas junto a seus corpos podres!
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