O que vou reproduzir abaixo é a entrevista concedida pelo Sr. Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura, ao Jornal da Globo.
Na noite de 31 de agosto, a Central Globo de Armações se esforçou imensamente para "desmontar" o projeto de criação da PETROSAL, estatal que irá administrar a produção de petróleo do pré-sal.
Convidaram este "especialista" para dizer que dará errado. Ele disse.
Vamos à entrevista:
William Waack - Este projeto (Pré-Sal) reinstitui a forte presença do Estado. Isso é elogiável ou criticável?
Adriano Pires – É criticável. A gente está fazendo um retrocesso na politica de petróleo e gás no Brasil. Dos 4 projetos o governo – exceção ao do Fundo Soberano – está introduzindo a reestatização do setor.
Cristiane Pelajo – Empresas estrangeiras sempre foram muito importantes na exploração de petroleo, até agora. Como elas devem encarar estas mudanças?
AP – O que está preocupando as empresas petroliferas, neste contrato de partilha, é o fato da Petrobras passar a ser monopolista na operação dos campos do pré-sal que não foram licitados; na verdade vc está convidando as empresas petroleiras para serem meras parceiras financeiras da Petrobras e isto pode ser que afaste as petroleiras tradicionais do Brasil. Por outro lado, este modelo pode atrair as chamadas empresas nacionais, né, como as chinesas. Hj a China tem dinheiro sobrando e ela pode querer comprar reservas de petroleo no Brasil. Mas como as empresas chinesas não tem tradição na operação, este tipo de modelo pode ser interessante para as empresas chinesas e outras empresas nacionais. (sic)
WW – Vamos focar um pouqunho no papel da Petrobras, aparentemente muito destacado, ela ganha uma participação minima de 30% nos blocos do pré-sal, é benéfico, a médio prazo, para nossa principal estatal?
AP – Olha, eu acho que não é benéfico não; acho que o governo está vendendo uma imagem errada, falsa, né. Pq vamos pensar no seguinte: a capitalização seria interessante para a Petrobras, mas é uma capitalização que vai vir (sic) do governo, então na verdade o governo vai tentar ter uma maior participação acionária na Petrobras, onde ele só tem 32%. Isso significa uma intervenção politica na empresa. Por outro lado, ao dar o monopólio da operação nos campos do pré-sal ainda não licitados, o governo introduz um risco na Petrobras. A grande vantagem do modelo atual era que a Petrobras ia nos leilões da ANP, escolhia o bloco que ela queria comprar e o parceiro que ela desejava ter. Agora, o governo vai obrigar ela (sic) a ser monopolista... voce reintroduz um risco. Antes da lei 9478 a Petrobras tinha 100% risco; agora no novo modelo, o governo está dando 30%, no minimo, de risco para a Petrobras. Acho que isso não é nada interessante para a empresa.
A última resposta do "especialista" é uma pérola. Diz que antes o risco era 100% e, agora, 30%. E ainda insiste em dizer que não é interessante. Outra parte da farsa é dizer que apenas 32% das ações da Petrobras estão em poder do governo. Ele não diz que 51% das ações com direito a voto são do governo, portanto, a administração é do governo federal.
Por falar em pérola, este mesmo senhor disse, em entrevista ao site ÚNICA - União da Indústria de Cana de Açúcar, em 2004, o seguinte, referindo-se ao novo modelo de energia elétrica que o governo Lula, do PT, estava implantando:
Qual é o futuro do setor elétrico diante da nova regulamentação? Duas alternativas: ou o governo libera os investimentos das estatais e, conseqüentemente, abre mão do rígido controle das variáveis macroeconômicas como, por exemplo, da inflação, ou o fantasma do "apagão" estará de volta em 2008. A conferir.
Ele quis dizer que teríamos ou inflação em 2008, ou o "apagão". Conferido, nem um nem outro!
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