24 de nov. de 2009

O LOBBY PAULISTA

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O PODER E A SOBERBA DA FIESP


O diário argentino Página 12 publicou matéria referindo-se a um suposto lobby paulista, liderado pelo todo-poderoso Paulo Skaf, presidente da FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo), cujo objetivo seria retaliar as ações da Câmara bilateral de Comércio entre Brasil e Argentina, que abriram investigação de DUMPING contra uma empresa de Skaf.

Leia aqui matéria original em espanhol.

O DUMPING é a ação comercial de uma empresa que vende produtos abaixo do valor real de mercado com a intenção de "derrubar" concorrentes. É um procedimento relativamente comum no comércio internacional, reconhecem as autoridades envolvidas na análise destes processos.

Entretanto, no caso da empresa PARAMOUNT TEXTEIS, onde Paulo Skaf é diretor e acionista, a reação brasileira foi desproporcional, diz o Página 12.

Tudo começou quando foi aberto processo de investigação de DUMPING contra a empresa PARAMOUNT, em denúncia de sua concorrente Argentina, MAFISA. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, bem como seu correspondente portenho, Ministério de Producción y Comércio Exterior, julgaram procedente a ação da MAFISA e aplicaram o "direito antidumping definitivo", na forma de aliquotas que alcançaram até 121,45%. Isto significou uma derrota para Skaf.

Então, ainda segundo o diário, começou a retaliação.

Caminhões abarrotados de produtos perecíveis foram retidos na fronteira, impedidos de entrar no Brasil. Nunca fatos como este aconteceram de forma tão agressiva. "É incrivel a escalada que se viveu neste conflito ... a atitude do Brasil é completamente desmedida", disseram as autoridades do outro lado da fronteira.

Segundo dizem, Skaf não perdoou as autoridades argentinas por meterem-se com "o dele", e usou de sua influência para prejudicar o comércio bilateral. Ainda por cima, teria usado o conflito em benefício politico, "pegando" Lula. É sabido por todos que Paulo Skaf apóia o governador de seu estado, o Coroné Zé Serra, candidato a Presidência da República em 2010, da direita, na aliança com a ex-ARENA, ex-PFL e atual DEM.


A Presidenta argentina Cristina Fernandez Kirschner esteve no Brasil para tratar com Lula a este respeito. A preocupação foi grande, dos dois lados da fronteira.

Segundo especialistas, normalmente, numa ação de DUMPING como esta, as partes se reúnem e chegam a um acordo para inibir a denúncia, seja por retirada dos produtos da pauta de exportação, ou pela simples correção de preços. Mas com Skaf foi diferente. Parece que propositadamente foi criado um clima "antiargentina" que em nada contribui para o comércio destes dois parceiros.

"Irresponsabilidade? Quem sabe simplesmente poder e soberba", finaliza a matéria do Página 12.

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Colaborou Ciego Moreno.

3 comentários:

Alex disse...

"o Coroné Zé Serra, candidato a Presidência da República em 2010, da direita, na aliança com a ex-ARENA, ex-PFL e atual DEM". Aff.. que discurso forçado. Deixa os seus sábios leitores tirarem suas próprias conclusões. Não precisa utilizar técnicas de comunicação para supervalorizar o seu discurso, se não fica retórico. "Deixar que os fatos sejam fatos naturalmente, sem que sejam forçados para acontecer". Até porque, se formos falar de alianças com políticos que beiram à ditadura (como exemplo a Arena), nosso querido e competente presidente sai mal na foto, sobretudo quando posa ao lado dos Sarneys, Collors e PPs da vida. Mas essas alianças com gente ruim traz coisas boas, não é verdade? Faz parte de um projeto maior, que quem sai ganhando é o povo (mesmo que a mídia tente o convencer do contrário), não é verdade? Então porque, quando se fala na oposição, reduz todos os significados a um discurso repetitivo e forçado? Não precisa disso. Se Skaf apóia Serra, que é do PSDB, não precisa ir tão longe... na Arena. Daqui a pouco voce vai dizer que a culpa desse episódio é do Serra! Xi... já vi esse filme, só que quem costumava fazer era a tal "mídia corrupta de direita".
Abraços companheiro.

JÚLIO disse...

Meu caro Alex;
A democracia que vc e eu vivemos hoje custou muito caro para muita gente. Inclusive este que vos escreve!

Ter a liberdade de exprimir o que se deseja não foi fácil no passado. Temos que estar alertas para que não se repita o horror da censura e das torturas.
Sim, Zé Serra é um Coroné, da pior espécie. Uniu-se a gente da ARENA com intenção de voltar ao poder. Minhas postagens sempre lembrarão os mais jovens - como vc - do passado sangrento da história do Brasil, por mais que a midia corporativa e comprometida até o pescoço se esforce para esconder!

Sarneys e Collors foram eleitos pelo povo, em pleitos democráticos que devemos aceitar. O julgamento deles será feito pela história e, se hoje se aliam a este ou aquele governo, é pq não tem mais a mesma força do passado.

A ARENA e a direita latinoamericana já foram julgadas (e condenadas) pelos povos latinoamericanos.

Reforço a posição deste blog: os males causados pela elitezinha tucana+pefelê não podem ser jogados para debaixo do tapete. A função deste blog é dizer o que pensa, como pensa e pq pensa. Meu compromisso é bastante claro e não o escondo de ninguém: faço o que for preciso para levar àdiante o projeto de desenvolvimento com distruibuição de renda do PT e de Luis Inácio, e, se preciso, uso as mesmas armas.

Para deixar (mais uma vez) claro: o SANDALIAS DO PIRATA não recebe colaboração em espécie de quem quer que seja. Só colaboradores de matérias e comentários são permitidos.

Você será sempre bem vindo!

Alex disse...

só que como eu havia dito, meu questionamento não é esse, mas sim citar o nome de José Serra (e o seu suposto relacionando com a ditadura) em alusão ao que estava sendo apresentado sobre a Fiesp. Sugerindo assim, ainda que sutilmente, que José Serra tem um perfil de ditador e, sobretudo, de que ele tem algum envolvimento direto no caso da "Fiesp x Argentina". Minha contestação não foi sobre o que o sr. pensa, mas sim sobre a forma que escreve. Se José Serra tem esse tal envolvimento no caso, apresente os fatos, as provas ou deixe isso mais claro. Mas se não tiver maiores embasamentos (ou achar desnecessário escrevê-los) então não precisa citá-lo nessa história, porque se não vira fofoca. Aliás, as mesmas fofocas que o nosso querido presidente tanto sofre, fruto, inclusive, das tais insinuações sutis que tanto preenchem os textos e opiniões dos tais "jornalistas corporativistas".
Aguardo o próximo post e um vinho malbec.