Os Presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles e do Bradesco, Marcio Cypriano, discutiram ontem à tarde, numa reunião, em Brasilia, a respeito da taxa de juros.
O segundo pediu ao primeiro para baixarem a taxa SELIC na próxima reunião do COPOM; o primeiro respondeu ásperamente que o problema não é a taxa SELIC, mas o spread dos bancos.
SELIC é a taxa básica de juros , fixada pelo Banco Central do Brasil; spread é a diferença entre o valor que os bancos privados captam o dinheiro e quanto eles cobram num empréstimo. É o lucro bruto do banco.
A reunião foi convocada pelo ministro Guido Mantega para tratar da crise internacional, e estiveram presentes representantes de 10 associações empresariais, além do presidente do BC, conforme reportagem da Folha de São Paulo.
A taxa SELIC, de 13,75%, permanece inalterada desde Setembro/2008. Há controvérsias quanto ao patamar onde estacionou, mas essa discussão é longa. O spread bancário, entretanto, cresceu significativamente. Em Outubro/2008 estava em 36,26%, ou 1,96 ponto acima da taxa de Setembro.
Peraí!
Quer dizer que o lucro dos bancos está crescendo numa velocidade bastante elevada, por causa do medo das consequências da crise internacional, crise de falta de confiança, que faz o banco cobrar mais caro por seu produto, o dinheiro.
Qual a razão, então, para a banca privada pedir que o BC baixe mais a SELIC?
Fácil.
Querem aumentar seus lucros.
O risco de um empréstimo, no ponto de vista do dono da bufunfa, aumentou. O medo do calote faz o gerente do banco temer por seu emprego se o cliente não pagar o papagaio que ele autorizou. Porisso, eles sobem a taxa de risco, que nada mais é que o medo de não receber.
Isso pode!
Mas querem mais.
Querem que o Banco Central diminua a taxa básica de juros porque é essa taxa a referência que o banco usa quando precisa tomar dinheiro.
Uma vez ouvi um banqueiro dizer que quando a SELIC sobe, o banco sobe sua taxa pelo elevador; quando a SELIC baixa, sua taxa vai pela escada.
Hoje, o spread dos bancos privados é imoral, um dos maiores do mundo, mas a imprensa prefere jogar uma cortina de fumaça sobre o assunto e deixar o BC como o grande vilão dos juros no Brasil.
Já está passando da hora das pessoas começarem a pensar um pouco mais a respeito.
Tenho lido inúmeras críticas feitas à taxa de juro no Brasil, mas poucos pensam na consequência de aumentar ou diminuir essa taxa. Poucos pensam com responsabilidade, que é o que mais falta entre os críticos do governo.
Além da costumeira falta de caráter, boa parcela dos formadores de opinião muitas vezes despejam idiotices enormes na mídia, sem qualquer compromisso com a sociedade. Gostam de falar. Gostam de aparecer. São os loucos por holofotes!
Um comentário:
A medida do ter nunca enche. O que o governo não pode permitir é que o BC continua sangrando os cofres publicos, pagando a maior taxa de juros do mundo.
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